
Não é uma manhã comum. Hoje é dia de bingo. O sol esta “tilintando” de quente. Mas esse calor é necessário. São os raios dourados do céu que conferem ao dia e, ao próprio bingo, esse ar de realeza tão estimado. Quase todos estão aqui, reunidos em pequenos ou grandes grupos. Acomodados nos bancos da praça ou no meio-fio à espera que comece o jogo. Uns fazem planos com os prêmios, outros conversam sobre qualquer coisa. O sol promete continuar quente, como sempre. Os organizadores do bingo anunciam mais uma vez a venda das cartelas. E para as donas de casa mandam um recado: “O almoço só vai começar a ser feito ao meio-dia...”.
No interior a vida acontece mais ou menos assim, basta uma sombra de árvore, um banco de madeira e pronto, as pessoas se achegam e o assunto brota, cresce logo, é como um leito de rio. Não é difícil entender esta razão. As pessoas que aqui vivem é que traçam o caminho de suas vidas, como um graveto riscando o chão. Suas estações são condicionadas por outros motivos. Andar de madrugada na rua não gera insegurança. As crianças brincam se divertem com tudo. Dar carona não é absurdo, antes, é obrigação. E o tempo, ah o tempo, esse não é inimigo.
É por isso que em dia de bingo, mesmo com o sol a pino vira a maior animação. A comunidade se envolve e a festa vai acontecer. O povo que não se incomode porque não há razão para pressa. É chegada à hora do sorteio e depois de muitos agradecimentos, as pedras começam zunir dentro do globo. Cessa o burburinho. São muitos concorrentes. Todos com cartela na mão, em profundo silêncio, ouvem atentos. Alguém diz entre a multidão: “esse bingo vai acabar depressa”. E sai a primeira pedra: 12. E logo outra, outra e mais outra. E começam os gritos. Os concorrentes “cantam” os números que lhes faltam para atingir a premiação.
“Eu tô melado”, gritou um lá no fundo. E duas pedras depois apareceu o primeiro ganhador. O prêmio, uma leitoa. A diversão continua e ainda há muitos prêmios a serem sorteados. Rivais no bingo, amigos na vida aproximam-se e misturam seus risos a espera de quem vai ganhar o último prêmio que é uma novilha. Ela será daquele que vier com a cartela toda preenchida. Ao final, o povo vai se dispersar sorrindo. O bingo não é perdido, o tempo aqui é amigo, o tempo não vai voltar.
Um comentário:
Aewwwww ! Deus certoooo ! huahauhuah :)
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